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Este é o sétimo entre os diários de campo que compõem o caderno de campo da minha pesquisa sobre interações sociotécnicas nos Altos e Córregos da Zona Norte do Recife e sua área contígua em Olinda, cidades localizadas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Mais detalhes sobre a pesquisa vocês podem ver na minha tese de doutorado, publicada em https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48802. Para a tese a delimitação socioespacial foram os Altos e Córregos da Zona Norte do Recife, a parte de Olinda foi agregada depois da tese.

Os diários de campo foram realizados em minhas idas ao território objeto de estudo. Nessas idas sempre registrei o percurso com o aplicativo OSM Tracker. Esse diário diz repeito a ida para o Córrego do Abacaxi - Alto da Macaíba - Alto da Bondade - Alto da Sucupira, Olinda/PE, em 30/05/2023. Neste link, na camada de linhas na cor indigo, está o registro do percurso realizado no dia http://u.osmfr.org/m/922236/

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Na tarde do dia 30/05/2023, marquei com uma historiadora no Córrego do Abacaxi, com o objetivo de fazer um campo em alguns altos e córregos de Olinda, por ela ser conhecedora da área. Após fazer a tese de doutorado com delimitação geoespacial nos altos e córregos da Zona Norte do Recife, decidi explorar sua área contígua no município vizinho, por apresentar características socioespaciais semelhantes.

Fui observar os objetos técnicos viários, de contenção de barreiras e encostas, o comércio e a presença de organizações sociais no território. De início, chama a atenção o número de lonas, consideradas como medidas paliativas para a contenção das barreiras. Vale salientar que o período da visita foi o período de chuvas no Estado, que ocorrem entre maio e julho. A aparência e a disposição das lonas, por serem novas e abrangendo áreas maiores das barreiras, denota que elas foram instaladas pela prefeitura e que esta é possivelmente, a solução priorizada pela prefeitura, embora houvessem outras estruturas, como muros de arrimo e (muito poucas) geomantas instaladas.

As infraestruturas de mobilidade, também chamaram a atenção, em alguns casos, pela má conservação das escadarias e outras faltando acabamento, como nos corrimões (com ferros expostos), outras sem a demarcação das canaletas nas laterais e outras com as canaletas e a própria escadaria faltando acabamento.

alt=escadaria e corrimao faltando acabamento

alt=escadaria e corrimao faltando mais perto

alt=escadaria sem corrimao e mato na canaleta

alt=escadaria sem corrimao e sem canaleta

Observamos também os principais pontos comerciais, onde há grande circulação de pessoas, identificamos sobretudo uma concentração de comércio de alimentos no Córrego do Abacaxi (mercadinhos, quitandas), comércios também desse tipo, somados a lanchonetes e farmácias, foram observados no Alto da Bondade. Contudo, ficamos com a impressão de que o comércio de Caixa D’água, na planície é um ponto de atração das pessoas, onde há mercados maiores, e maior diversidade de comércios e serviços. A movimentação das pessoas em direção a este ponto, também denota esta atratividade.

Falando em movimentação das pessoas, a oferta de ônibus para os altos e córregos de Olinda, está concentrada no Terminal Integrado do Xambá. De lá se segue para pontos como a Encruzilhada, que assim como para os altos e córregos da Zona Norte do Recife, também é um centro comercial atrativo para os moradores dos altos e córregos de Olinda, para o centro do Recife, para o Terminal Integrado da PE-15, onde os moradores tem acesso a Paulista e demais municípios da Metropolitana Norte, além de linhas que circulam dentro de Olinda, com maior oferta para a área das praias (Bairro Novo, Casa Caiada, Jardim Atlântico e Rio Doce), passando no caminho pelo Varadouro e Carmo, que englobam o Sítio Histórico e a parte administrativa de Olinda.

As vias são estreitas e costumam congestionar na passagem pelos centros comerciais, pela quantidade de veículos estacionados para a descarga de mercadorias, além de veículos particulares, buscando ficar próximos aos comércios. Chama atenção também a má conservação das vias, sobretudo nas partes próximas às planícies, tanto em Caixa D’água, quanto no Córrego do Abacaxi, com muitos buracos nas vias e má conversação em geral. Havia em Caixa D’água pontos com água acumulada de uma chuva que havia caído dois dias antes. No Alto da Bondade, a rua principal é uma via larga, asfaltada e bem conservada.

Alguns pontos podem ser vistos como referenciais no Alto da Bondade: uma estação elevatória da Compesa, caixas d’água que abastecem a área e a Reserva de Floresta Urbana Mata do Passarinho. Do Alto do Sucupira também se tem uma excelente vista da Mata.

alt=caixa d agua alto da bondade

alt=vista do alto da macaiba

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Observamos também a presença de organizações da sociedade civil na área, encontramos muitas igrejas evangélicas, uma associação de moradores no Córrego do Abacaxi que oferece cursos de artes marciais como taekwondo e capoeira. Apesar da forte presença evangélica, também encontramos uma loja que vendia artigos para o candomblé, no centro comercial de Caixa D’água e também, vimos uma moradora usando uma guia vermelho e preta, referente ao orixá Exu.

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alt=cursos de capoeira e taekwondo

Esse campo nos dá subsídios para observarmos a infra-estrutura, os objetos técnicos, a malha viária, os equipamentos públicos e a sociabilidade nos altos e córregos de Olinda, bem como em como eles interagem com as planícies mais imediatas (maior exemplo neste caso, Caixa D’água) e como interagem também com centros como a Encruzilhada, bairros da beira mar de Olinda e centro do Recife.

Location: Alto da Bondade, Olinda, Região Geográfica Imediata do Recife, Região Metropolitana do Recife, Região Geográfica Intermediária do Recife, Pernambuco, Região Nordeste, 52170-630, Brasil

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