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pedro_tharg's Diary

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Eu sou Pedro Ricardo, mapeador voluntário para o OpenStreetMap desde 2021 e sou estudante de Meio Ambiente. Contribuo principalmente com o mapeamento de regiões próximas ao Curimataú paraibano.

Esse texto trata de uma sugestão de tags a serem usadas em vegetações do bioma Caatinga. Decidi fazê-lo porque não encontrei material suficiente que aconselhasse como caracterizar sua vegetação, tanto nos grupos do OSM quanto na Wiki.

O bioma Caatinga é endêmico do Brasil, ou seja, não existe em nenhum outro país e apresenta espécies únicas. Compreende a maior parte da região Nordeste brasileira e apresenta várias variações (fitofisionomias) tornando difícil a generalização e simplificação de suas características vegetais. As variações são tantas que estudiosos preferem trabalhar com o termo caatingas, no plural. Entretanto, com o objetivo de facilitar no mapeamento, tentei encontrar atributos já existentes no OpenStreetMap para destacar sua individualidade em relação aos outros biomas sem ferir tanto com suas peculiaridades. As justificativas para o uso são dadas ao longo do texto.

A imagem abaixo é um mapa dos tipos de vegetação original no Brasil segundo o IBGE (2004). Como podem observar, a savana estépica compreende a maior parte do semiárido brasileiro e, inclusive pode ser considerada um sinônimo aproximado de caatinga como destacado aqui. Mapa da distribuição dos tipos de vegetação original do Brasil - IBGE 2004

Dessa forma, minha sugestão é que as características dessa vegetação devem ser representadas no OpenStreetMap com maior frequência em relação a outras fisionomias do bioma. A savana estépica também é conhecida como vegetação decidual espinhosa, o que significa que as plantas perdem suas folhas em uma determinado período. Na caatinga isso ocorre durante os meses de estiagem. O OSM já possui uma tag e um valor específicos e documentados para isso: leaf_cycle=deciduous.

Então, acredito que esse valor é fundamental para todas as regiões mapeadas como vegetação de caatinga visto que ela tornará possível diferenciar de outros biomas.

Porém, esse valor precisa ser utilizado acompanhado de outras tags como natural=scrub e natural=wood. Aqui a minha recomendação é utilizar com muito mais frequência natural=scrub (matagal) pois na própria wiki em português há um destaque:

O que o diferencia de uma floresta ou bosque é a possibilidade de, em geral, toda a vegetação poder receber luz solar, sem ter de ficar sob uma copa de árvores impenetrável pela luz.

Essa característica é frequente nas caatingas, além de que, na definição de natural=wood, fica claro que se trata de uma área totalmente coberta por árvores altas que dificultam que a luz solar alcance plantas menores:

Description Tree-covered area (a ‘forest’ or ‘wood’)

Além disso, a definição em inglês de natural=scrub inclui arbustos, herbáceas e geófitas que também são comuns na Caatinga. Outra tag que deve ser utilizada é a leaf_type porque ela nos permitirá diferenciar algumas fisionomias existentes dentro do bioma. Como a documentação e discussão dessa tag na wiki não são muito claras, decidi simplificar os seus valores sem conflitar tanto com o descrito na página. Assim, leaf_type=broadleaved corresponde às angiospermas e leaf_type=needleleaved às gimnospermas. Além disso, leaf_type=leafless podem ser as cactáceas e outras plantas que têm folhas modificadas para espinhos.

Em resumo, a minha proposta é a agregação das fisionomias em pelo menos três, pois é o que encontrei ser possível com as tags já existentes no OSM:

  • natural = wood; leaf_cycle = deciduous; leaf_type = broadleaved para regiões de caatinga densamente arborizada (Savana-estépica Florestada Td) como encontrada na Serra das Almas no Ceará. Esses valores podem entrar em conflito com valores atribuídos à Floresta Estacional Decidual presente nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, mas abarcam suficientemente as individualidades dessa fisionomia na Caatinga.

Serra dos Tucuns CE.jpg

  • natural = scrub; leaf_cycle = deciduous; leaf_type = broadleaved deveria corresponder a maior parte das vegetações no bioma pois essas características correspondem à vegetação savana estépica. Descreve relativamente bem a Savana-estépica Arborizada (Ta). Uma árvore característica é o umbuzeiro (Spondias tuberosa). Uma imagem de exemplo é usada abaixo: 20210909_085852

Esses valores também descrevem bem a Savana-estépica Parque (Tp) e a diferenciação poderia ser acentuada com o acréscimo da tag species ou genus com o valor da espécie mais abundante visto que essa fitofisionomia costuma apresentar pequenas árvores, geralmente da mesma espécie, e com uma distribuição bastante espaçada. Um exemplo são os carnaubais. A tag description também é outra opção.

  • natural = scrub; leaf_cycle = deciduous; leaf_type= leafless para regiões com predominância de cactáceas e bromélias como facheiros, xique-xiques, macambiras, mandacarus e etc (imagem abaixo). Os valores scrub e deciduous correspondem à vegetação arbustiva, herbáceas e plantas lenhosas raquíticas. Neste sentido, pode ser utilizada também para descrever a Savana-estépica Gramíneo-lenhosa (Tg) na qual o valor leaf_type=leafless pode ser opcional.

Facheiro.JPG

Para um valor mais exato, o uso de description é essencial com o valor descrito pelo IBGE ou outra fonte. Neste caso, recomendo especificar a fonte através de source:description. Um exemplo pode ser visto aqui. Enfim, qualquer sugestão é bem-vinda e pesquisar sobre o assunto foi muito gratificante para mim!

Algumas razões e motivos para a realização do mapeamento de produtos e contaminantes químicos dispersos em um ambiente

  1. Fornecer aos municípios informações que possam ser usadas no gerenciamento de terras sustentáveis;
  2. Distinguir entre fontes geogênicas e antropogênicas;
  3. Parte de um sistema de informação de modelagem de riscos;
  4. Investigar e comparar a influência de fontes potencialmente importantes de contaminação antropogênica difusas;
  5. Obter informações que possuam aplicações práticas na avaliação de riscos e perigos para as pessoas dentro do ambiente urbano;
  6. Estudar o destino e transporte de poluentes no solo urbano;
  7. Fornecer bases de dados valiosas para determinar os limites legais de contaminantes no solo de acordo com o uso da terra;
  8. Fornecer uma capacidade nacional em amostragem de áreas urbanas;
  9. Amostras urbanas e dados podem ser utilizados em estudos ambientais temáticos envolvendo terras contaminadas, vulnerabilidade de águas subterrâneas e risco à saúde humana;
  10. Fornecer um arquivo de amostra que pode ser usado na pesquisa científica, ex: Estudos de bioacessibilidade.
  11. Mapas geoquímicos são necessários para exibir as tendências naturais dos elementos químicos com o objetivo de reconhecer áreas poluídas;
  12. Uma função de monitoramento relacionada com o ambiente químico pode cumprir como um papel estatutário definido em legislação específica;
  13. Aumentar a conscientização sobre o significado da proteção ambiental através da entrega imediata de informações e educação de alta qualidade;
  14. O mapeamento geoquímico forma uma parte inicial de um sistema de gestão ambiental, necessário para a remediação e eventual reabilitação do território contaminado;
  15. Fornecer informações básicas da geoquímica local que podem ser mais práticas e úteis do que valores de guias e diretrizes nacionais;
  16. Fornecer informações ao público, a fim de aumentar a consciência dos desafios ambientais e ecológicos presentes no ambiente urbano, o que, por sua vez, contribui para o processo de reduzir e mitigar os riscos dos contaminantes;
  17. A informação geoquímica pode ser levada em conta ao determinar os preços de um terreno e calcular um imposto a ser cobrado sobre aqueles que causam poluição;
  18. Fornecer um ponto de referência no tempo com o qual futuras mudanças no ambiente químico urbano possam ser comparadas e medidas.

Traduzido e adaptado de Mapping the Chemical Environment of Urban Areas, editado por Christopher C. Johnson et al. (2011)